Nos últimos anos, o mundo do streaming tem vivido uma verdadeira revolução. Gigantes como Netflix e Disney, enfrentando o desafio de manter assinantes no período pós-pandêmico, optaram por estratégias inovadoras. Agora, oferecem planos mais acessíveis com anúncios, uma jogada para melhorar os resultados financeiros e reduzir o cancelamento de assinaturas.
Mas não é só isso. Paralelamente, houve um aumento nos preços dos planos sem anúncios. A Netflix, por exemplo, agora cobra R$ 55,90 pelo seu serviço premium sem interrupções publicitárias. De acordo com previsões da Kantar Ibope Media, essa tendência de elevação nos valores das mensalidades parece que veio para ficar.
Melissa Vogel, CEO da Kantar Ibope Media, destaca a importância de compreender os padrões de consumo. Para ela, 2024 será um ano crucial para testar limites de preços e entender até onde o consumidor está disposto a ir.
Mas essa estratégia de planos mais baratos suportados por anúncios varia conforme a região. Em países como Dinamarca, Noruega, Suécia, Espanha e Reino Unido, os consumidores tendem a preferir serviços sem anúncios, mesmo que mais caros. Em contrapartida, em nações como Taiwan, Egito, Japão, Hong Kong e Tailândia, a preferência recai sobre assistir a comerciais, evitando custos adicionais.
Essas diferenças sinalizam comportamentos distintos em relação aos modelos de pagamento. Como Vogel aponta, em mercados europeus, por exemplo, a tendência é pagar mais para evitar anúncios, enquanto em países em desenvolvimento, a escolha recai sobre opções mais baratas com propaganda.
O estudo da empresa também revela tendências interessantes para 2024. No Reino Unido, a previsão é de um aumento no cancelamento de assinaturas. No terceiro trimestre de 2023, 14,2% dos entrevistados planejavam interromper o serviço no ano seguinte, um aumento significativo em relação ao segundo trimestre de 2022.
Em um contexto de crise econômica global, as preferências dos consumidores estão mudando. Muitos escolhem priorizar economias e investimentos, com apenas 4% optando por assinaturas online como Amazon Prime e Netflix. Isso sugere que tais serviços podem ser dos primeiros a serem cortados em tempos de aperto financeiro.
No entanto, ainda há espaço para crescimento em mercados como o Reino Unido, Brasil e Estados Unidos, onde assinaturas online ainda são uma prioridade. Em contraste, na China, Taiwan e Indonésia, o cancelamento de assinaturas é mais comum.
Por fim, o estudo ressalta a importância de uma estratégia localizada. Para alcançar sucesso global no streaming, é crucial adaptar ofertas, desde a curadoria de conteúdo até preços e táticas promocionais, às características de cada mercado. A produção de conteúdos locais também é um ponto-chave, especialmente considerando eventos como a greve dos roteiristas em Hollywood. Em suma, para conquistar uma audiência global diversificada, é essencial entender e respeitar as nuances regionais.